As varizes dos membros inferiores são veias dilatadas e de aspecto tortuoso nos membros inferiores que represam grande quantidade de sangue nas pernas, em virtude, de apresentarem capacidade de dilatação além do normal. É muito importante saber que as varizes fazem parte de uma doença muito prevalente em toda a população mundial- a insuficiência venosa crônica. Muitos estudos informam que aproximadamente 20-30% das mulheres e 10-20% dos homens apresentarão a doença ao longo de suas vidas. Muitos pacientes apresentam quadro clinico com telangiectasias-vasinhos– associadas apenas a discreto desconforto nas pernas. Porém , outros apresentam quadro clinico mais complexo evoluindo para sintomas significativos como dor de maior intensidade que piora ao longo do dia, sensação de peso, cansaço e queimação nas pernas, coceira, edema – inchaço, manchas hipercromicas – escurecidas, fibrose na pele da perna e ulceras varicosas de difícil cicatrização. Outros sintomas graves são os sangramentos, deformidades na perna e no pé, tromboflebites e trombose venosa profunda
Causas:
As principais causas da doença das varizes são dividas em modificáveis e não modificáveis.
As principais causas não modificáveis: Predisposição genética e hereditariedade.
Gênero (sexo) – tendo as mulheres maior chance de desenvolver a doença em relação aos homens.
Idade– observa-se que nas pacientes com predisposição quanto mais passam-se os anos , maior é o aparecimento das varizes nas pernas .
As principais causas modificáveis:
O tipo de trabalho – profissões em que se fica muitas horas parado na mesma posição, seja de pé parado ou sentado com a perna dobrada, profissões nas quais se carrega muito peso.
Obesidade– o excesso de peso sobre as pernas e o aumento da circunferência abdominal dificulta o retorno venoso para o coração. Em virtude do aumento de pressão sobre a veia cava que se encontra dentro do abdome, fato que reduz o seu diâmetro, e assim diminui a passagem de sangue que vem das pernas para o coração.
Gestação– Quanto maior o numero de vezes que uma mulher engravida, maior a chance dela desenvolver varizes nas pernas . Em virtude de modificações hormonais, crescimento uterino ao longo da gestação e do aumento da circunferência abdominal. Aumentando a prevalência de 30% para 66% na primeira gravidez, 71% na segunda e quase 91% na terceira gestação. Importante lembrar também, que muitas mulheres desenvolvem aumento do diâmetro das veias na perna durante a gravidez e consequente redução do tamanho das veias após a gestação. Portanto o melhor momento para avaliar possíveis tratamentos numa mulher que acabou de ter o bebê é após 2-3 mês de pós- parto.
Sedentarismo– é a falta ou diminuição de atividade física regular. Pessoas sedentárias tem fraqueza da musculatura da perna – panturrilha ou batata da perna – que é o grande responsável por ejetar o sangue das veias da perna para o coração. Muitos antigos chamavam a panturrilha de o coração da perna – com o seu movimento de contração e relaxamento (efeito de bomba) proporciona o impulso de sangue das pernas para o coração. Importante lembrar que existe uma diferença entre atividade física e exercício físico . Sendo atividade física qualquer forma de movimentação produzida pelos músculos que causam um gasto calórico acima do que gastamos em repouso- por exemplo, andar dentro de casa, varrer ou limpar a casa, descer as escadas do prédio, passear com o cachorro, andar até o ponto de ônibus, a padaria ou até o trabalho. Já o exercício físico é caracterizado por uma sequencia programada de movimentos que possui um objetivo especifico. É repetitivo e deve ser feito com a ajuda de um profissional de educação física. Portanto, tanto atividade física como o exercício físico são importantes formas de prevenir a doença das varizes . Por outro lado, a falta deles pode desencadear o aparecimento da doença.
Anticoncepcionais hormonais (são as chamadas pílulas) – são constituídos pelos hormônios estrogênio e progesterona. Tem como um de seus efeitos colaterais o enfraquecimento da parede da veia, proporcionando sua dilatação. Este é um fato muito individualizado – visto que existem inúmeras mulheres que usam-nos e não desenvolvem a doença das varizes. Além de não serem proibitivos para mulheres que tem varizes nas pernas .
Trombose venosa– além de ser uma complicação da doença, pode ser uma das causas. Pelo fato de obstruir as veias importantes da perna e danificar suas válvulas, fato que dificulta o retorno venoso proporcionando aumento do tamanho das veias na perna.
Salto alto– a utilização de sapatos com salto alto de rotina na atividade profissional, contribui para dificultar a movimentação da panturrilha. Esta permanecerá contraída por longos períodos impedindo o retorno venoso. Principalmente em pessoas que trabalham de pé. Porém, não há problema algum em se utilizar sapatos com salto alto em eventos esporádicos como festas e casamentos.
Diagnóstico :
Primeiramente o paciente deve passar em consulta com um médico para informar seus sintomas ( queixas ) , de preferencia um vascular. Se não conseguir passar com o vascular de imediato, passar num clínico. Mesmo que apresente apenas vasinhos na perna. A avaliação de um medico é fundamental!! Realizar o exame físico das pernas – quais são as alterações nos membros? Hoje podemos lançar mão de novas tecnologias para avaliar os vasos como a transiluminação proporcionada pelo fleboscópio e o uso da realidade aumentada que ajudam o cirurgião vascular a identificar vasos que não são visiveis ao olho nú. Sem dúvida, a realização complementar do ultrassom com doppler ou doppler colorido ou duplex scan dos membros inferiores é fundamental para se avaliar o sistema venoso profundo, superficial e perfurante. Podendo avaliar as veias safenas. Podendo identificar se já houve uma trombose ou tromboflebite prévia. Podendo avaliar se existem malformações arteriovenosas. É um exame prático , indolor e sem riscos para o paciente.
Tratamentos:
O tratamento da doença de varizes é sempre individualizado para cada paciente. É dependente do estágio clinico que se encontre: tem apenas dor e cansaço ou ja apresenta modificações visíveis nas pernas. Do tipo de veia que o paciente tenha: vasinhos, microvarizes ou varizes calibrosas. Das condições clinicas do paciente: se tem risco operatório alto (com outras doenças associadas) ou baixo. E da localização e da extensão da doença nos membros.
O tratamento clínico com uso de meias elásticas compressíveis e medicamentos flebotônicos ou fitofármacos são amplamente utilizados e tem ótima resposta clinica em inúmeros pacientes.
Outros casos haverá a necessidade de escleroterapia – aplicação ou secagem – dos vasos com a utilização de soluções ou espuma. Atualmente, também pode ser utilizado o tratamento com o laser transdérmico para tratamento de microvarizes e vasinhos.
Muitos pacientes precisarão serem submetidos ao tratamento cirúrgico com a cirurgia convencional onde são feitos pequenos cortes na pele para a retirada das varizes ou através dos modernos métodos de termoalblação, como a radiofrequência e o endolaser.